Total de visualizações de página

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Nada de novo sob o sol 19


-Pegue, são pra você.
-Pra mim?
-É, pegue, não precisa ter vergonha.
Carmo pegou o punhado de balas, feliz da vida. Ela só ganhava balas quando  frei  Alfons mandava, junto com alguma carne que ele mesmo preparava. Esses dias tinham gostinho de festa.
-Não quis sair hoje com sua  mãe?
-É que ainda ficou muita roupa pra passar, aí eu fiquei pra ir adiantando, senão minha mãe não dá conta.
-Deve ser chato passar roupa, não é?
-Eu gosto, não acho chato não.
-Mas aposto que preferia estar brincando.
-É.
-Nunca vejo você brincando. Não gosta de brincar?
-Gosto sim. 
Carmo estava incomodada com aquela conversa. Miguel nunca havia entrado na casa dela, e justo hoje que a mãe e Nena haviam saído, ele apareceu. Mas era bonzinho aquele moço. Lembrava o tio Manoel.
-Você tem bonecas?
-Não, mas bem que gostaria.
-Quando é seu aniversário?
-Dia 8 do mês que vem.
-Está pertinho. Por que não pede uma pro seu pai?
-Tadinho do meu pai; o dinheiro não dá pra isso, não.
-Bom, vou indo. Se quiser mais bala, é só ir lá no quartinho. Até mais ver.
-Até.

Nenhum comentário:

Postar um comentário