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domingo, 12 de junho de 2011

Nada de novo sob o sol 14

Nena crescia gordinha e feliz, e a vida seguia como tinha que seguir. O aniversário de um aninho se aproximava, e Bastiana quis fazer uma festinha, convidando o frei, o casal que havia ajudado com o leite e o pai de Nena. Carmo, embora estivesse feliz, não conseguia entender por que nunca ganhara uma festinha. Mas sabia que esse era um sentimento feio, e procurou enterrá-lo no fundo do coração. Tratou de ajudar a mãe a bater o bolo e rechear os pãezinhos.
O pai de Nena era um homem muito fechado. Quando soube que a filhinha tinha saúde e estava bem cuidada, foi conhecê-la. Ela já tinha 7 meses. Então, começou com uma conversa de cerca-lourenço, dando a entender que poderia ficar com a filha. Bastião e Bastiana ficaram indignados – como alguém pode tratar um filho assim? Ninguém iria tirar Nena deles, não agora que já a amavam tanto. Então, Bastiana prometeu que ele poderia visitá-la quando quisesse, o que não aconteceu mais  até o aniversário. 
No dia da festa, Carmo segurava Nena no colo quando o pai chegou. O clima ficou pesado, porque aquele homem trazia medo e insegurança  àquela família. Frei Alfons, embora não gostasse dele, quebrou o gelo inicial.
_Ora, ora, se não é nosso amigo Augusto.
_Boa tarde,  frei. Sua bênção.
_Deus te abençoe, meu filho. Não tem comida nesta casa?
Então, todos se sentaram e começaram a conversar. O casal do leite era o que mais falava, principalmente a mulher – apertou as bochechas de Nena, mexeu nos cabelos de suas irmãs, elogiou o bolo, perguntou da irmã de Bastiana; assunto não lhe faltava. Então, quando houve uma brecha na conversa, Augusto anunciou que estava se mudando para o Rio de Janeiro. A respiração dos anfitriões ficou suspensa por um tempo. Estaria ele querendo levar Nena consigo? Ninguém tinha coragem de perguntar. Carmem e Clarinda brincavam com ela agora, e pareciam felizes. Teria ele coragem de fazer isso? Bastião percebeu as bochechas coradas do frei, e percebeu que ele não permitiria que isso acontecesse.  O suspense durou até a hora em que Augusto levantou-se e, chamando as filhas, despediu-se cerimoniosamente de todos.
Carmo respirou aliviada mas, sem esperar, sentiu uma saudade apertada do avô que falecera há 4 meses. Duas lágrimas frias rolaram de seus olhos.

2 comentários:

  1. E a saga continua... instigante, humana, apaixonante. Sempre fazendo a gente querer saber o que virá a seguir. Parabéns, Adriana.

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  2. Delícia ouvir suas palavras, Fer. Obrigada, amigo!!!

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