Total de visualizações de página

domingo, 12 de junho de 2011

Nada de novo sob o sol 13

Helena já estava com 2 meses, e crescia saudável. De bebê franzino e frágil, transformara-se numa fofura cheia de gominhos. Tinha a pele clara, cabelos escuros e um furo no queixo igualzinho ao de Angelina. Carmo colocava o dedo no furinho e dizia: você nasceu com defeito de fabricação! – e caía na gargalhada. Embora sentisse um grande carinho pela irmãzinha, tinha ciúme da maneira como a mãe a tratava. Bastiana, que sempre fora dura com Carmo, agora era toda carinhos com Nena – apelido dado pela irmã. Não dava nem para acreditar que a mãe mudara tanto de ideia; quando o pai chegara com a notícia, a mãe havia feito um escândalo e dito que Bastião só podia estar louco. Viviam com tão pouco que Bastiana dava graças a Deus por não ter podido mais ter filhos. Até o dia em que o frei a chamou à igreja e lá, perante o altar, teve uma séria conversa com ela, dizendo que nada faltaria à menina, e apelando para seu dever cristão. Bastiana, totalmente a contragosto, e mais por medo de ir ao inferno do que por qualquer dever cristão, acabou cedendo ao apelo do padre.  As pessoas da paróquia ajudaram no que puderam: um vizinho fornecia o leite, outros fizeram o enxovalzinho, e assim Helena foi acolhida. Com o passar dos dias, Bastiana foi se apegando àquela criaturinha, assim como Bastião e Carmo, como se ela fosse deles. O trabalho aumentou bastante, porque não é fácil cuidar de um bebê, mas Carmo ajudava a mãe como gente grande. A vida ganhou um novo colorido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário