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terça-feira, 24 de maio de 2011

Nada de novo sob o sol 9

Carmo estava sozinha em casa. Era agora uma mocinha, com quase 10 anos. Como a  pobreza não é muito amiga da infância, ela era obrigada a esquecer os próprios sonhos. O pai e a mãe tinham ido à casa de seu avô, para ver como ele estava, pois  já fazia uma semana que ele não aparecia por lá. Como morava sozinho, Bastiana logo imaginou que  ele poderia estar precisando de ajuda. Carmo queria ir junto, para poder passear um pouquinho, mas a mãe disse que alguém tinha que ficar para fazer o trabalho doméstico.  E aqui estava ela, varrendo a casa com lágrimas nos olhos, e pensando que feliz era a Júlia, uma menina que morava ao lado da igreja. No último Natal,  Carmo saía da missa quando a viu no portão carregando uma boneca. Ficou tão encantada com o “bebê” da menina que quase caiu ao tropeçar num canteiro. Embora tenha olhado por pouco tempo, tinha conseguido ver cada detalhe: o cabelo loiro cacheado, os olhos azuis como os de Lúcia, um chapéu de cetim  marrom amarrado com uma fita, e o vestido, todo rodado, azul, com babados da cor do chapéu. Desde então, cada dia antes de dormir, Carmo ficava sonhando em ter uma boneca também. E a levaria passear no quintal , faria chá pra ela, e contaria tudo aquilo que estivesse em seu coração. Já tinha até escolhido o nome para ela: Eunice.

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