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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nada de novo sob o sol 5


“Bastião, Bastiana, cadê a Bastianinha?”
Zinha tentou segurar o riso, mas foi inevitável. Era um homem bom, seu Manoel. Mas não tinha muita imaginação. Enquanto as irmãs e cunhados se abraçavam, Carmo corria beijar Lúcia, que era sua “ irmãzinha”, como ela dizia, apesar de haver apenas dez meses de diferença entre elas.  Manoelzinho e Paulo olhavam tudo com alegria, e não gostaram muito quando tiveram suas bochechas apertadas pelo tio. Enquanto os homens se acomodavam na sala e as crianças corriam para o quintal, as duas mulheres foram para a cozinha, onde Bastiana descarregou o que trouxe: o bolo, fofinho, e umas coisinhas que frei Alfons fez questão de doar:  um garrafão de suco de uva ,  uma massa de macarrão “preparrada” por ele e uns tomates.
Bastiana, apesar de ser amorosa, não era muito dada a carinhos, ao contrário de Bastião. Carmo sempre perguntava a ela por que não tinha irmãos, já que todos os amigos tinham . Bastiana simplesmente respondia: “Porque Deus não quis.” e encerrava o assunto. A relação entre as duas, na verdade, era um pouco complicada: Bastiana reclamava de tudo o que Carmo fazia, achava sempre que a menina podia fazer melhor.  Era justamente sobre isso que Bastiana falava agora com Zinha:
_ Bastiana, a Carmo é uma menina boa, ajuda você em tudo.
_ Sabe, Zinha, eu não sei, mas acho que nossos gênios não batem. Essa menina é muito difícil!
_ E você é fácil, né, irmã?
_ Fácil ninguém é! E você, como anda a vida?
_Indo, com dificuldade, mas indo. Os meninos estão bem, só o Paulo me preocupa. Tenho medo do que vai ser desse menino...
_É, você tem motivos pra se preocupar.
E, em meio a devaneios sobre a vida e o futuro, elas foram depenando as galinhas e preparando o almoço, que foi devorado duas horas mais tarde com um lamber de beiços sem fim. Se existia felicidade, era assim que ela era: com os parentes queridos, num almoço com direito a suco e  bolo de sobremesa!

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