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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Nada de novo sob o sol 3

Bastiana estava atarantada: tinha levantado cedo, lavado a roupa de cama e a colocado para coarar.  Fazia questão de manter os lençóis branquinhos e cheirosos. O quintal, bem maior que a casa, tinha um gramado que Bastião cuidava pra que ela pudesse estica-los ensaboados pra receber o sol. A casa, humilde, Bastiana fazia questão de manter sempre arrumada e limpa. O chão, de tijolos, não era fácil de se manter limpo.  Embora tivesse apenas 7 anos, Carmo ajudava a mãe na casa como se fosse gente grande. A única coisa difícil para ela era passar roupa, porque seus braços magrinhos quase não conseguiam erguer o ferro. Ela mesma colocava a brasa, e fazia com muito cuidado, pois cansara de queimar as mãos nesse processo. A mãe deixava para ela as peças menores.
Depois de lavar a roupa, fazer a comida – com a maioria dos ingredientes colhidos no quintal, e uma galinha que o pai de Bastiana levara viva no dia anterior de presente – ela pediu à Carmo que lavasse a louça, enquanto ela batia um bolo para levar no dia seguinte à casa da irmã em Sorocaba. Bolo era uma raridade, lembrava festa, e Carmo não se cabia de alegria por viajar pra casa da tia. Eram muitas gostosuras: andar de ônibus, ver gente diferente,  encontrar a tia e os primos - que ela adorava e via muito raramente ...  Bastião quase nunca tinha férias, e o dinheiro mal dava pra passar o mês. Um passeio desses custava uns 3 meses de economia.  Então, aquela era uma ocasião realmente especial.

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